Pesquisa aponta que eles se mostram insatisfeitos com o modelo e os conteúdos trabalhados
João admite que, até a 4ª série, ainda gostava das professoras. Mas, da 5ª em diante, não conseguiu aprender mais nada. Maria compara a escola onde estuda a um presídio. "Lá, não tem cadeiras nas salas, mas tem grades nas janelas", diz. Teresa fica triste quando não tem aula por falta de professor. Já José garante que, em breve, vai voltar a estudar. "Até para ser gari tem de terminar o Ensino Superior", justifica ele. Os nomes dos personagens acima são fictícios, mas as histórias não. Elas aparecem no levantamento O Que Pensam os Jovens de Baixa Renda sobre a Escola, da Fundação Victor Civita (FVC), realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Coordenada pelo economista Haroldo da Gama Torres, a pesquisa ouviu jovens de 15 a 19 anos de áreas pobres do Recife e de São Paulo e concluiu que há grandes desafios a ser enfrentados no Ensino Médio. A crise que se instalou pode ser traduzida em números: em 2011, apenas 50,9% dos jovens de 15 a 17 anos frequentavam o Ensino Médio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Além disso, na década entre 2002 e 2012, o número de matrículas caiu de 8,710 milhões para 8,376 milhões, segundo dados do Ministério da Educação (MEC).
O estudo investigou o tipo de relação que os jovens estabelecem com as escolas de Ensino Médio. Entre os dados colhidos, chama a atenção a dificuldade que eles têm de atribuir sentido às disciplinas e aos conteúdos estudados. Um entrevistado do Recife, por exemplo, disse que "estava perdendo tempo com Química e Física". Outra, de São Paulo, declarou: "Nunca vou entender Matemática; aquilo não serve pra nada". E eles estão longe de ser casos isolados. A pesquisa mostrou que um em cada cinco alunos só vai à escola para conseguir o diploma. "O resultado confirma o que já tínhamos verificado: o jovem de hoje não vê o menor sentido no que aprende na aula. Ele se sente conectado com a vida, mas desconectado com a escola", observa Priscila Cruz, diretora executiva do Todos pela Educação. Para resolver o problema da fragmentação curricular - no Ensino Médio, o aluno chega a estudar 13 disciplinas -, ela propõe uma flexibilização. "A grade curricular pode permitir a liberdade de escolha. Na adolescência, muitos sabem do que gostam e do que não gostam. Se a escola for um lugar onde o estudante consegue construir um projeto de vida, vai se sentir motivado a frequentá-la."
Não ver utilidade em boa parte das disciplinas estudadas não é o único motivo que leva os alunos a abandonar os estudos. Eles se queixaram também do clima de insegurança, da zoeira - termo que significa excesso de bagunça e bullying dos colegas - em sala de aula e do absenteísmo dos professores (leia o número abaixo) como fatores determinantes para a evasão escolar. "Quem leciona à noite para jovens da periferia enfrenta uma realidade diferente daquele que trabalha de dia nos grandes centros. Então, me parece importante que os educadores que dão aula em locais mais pobres e sem tanta infraestrutura sejam reconhecidos de outra forma", opina Torres, que propõe políticas de incentivo para valorizar os bons professores.
O estudo investigou o tipo de relação que os jovens estabelecem com as escolas de Ensino Médio. Entre os dados colhidos, chama a atenção a dificuldade que eles têm de atribuir sentido às disciplinas e aos conteúdos estudados. Um entrevistado do Recife, por exemplo, disse que "estava perdendo tempo com Química e Física". Outra, de São Paulo, declarou: "Nunca vou entender Matemática; aquilo não serve pra nada". E eles estão longe de ser casos isolados. A pesquisa mostrou que um em cada cinco alunos só vai à escola para conseguir o diploma. "O resultado confirma o que já tínhamos verificado: o jovem de hoje não vê o menor sentido no que aprende na aula. Ele se sente conectado com a vida, mas desconectado com a escola", observa Priscila Cruz, diretora executiva do Todos pela Educação. Para resolver o problema da fragmentação curricular - no Ensino Médio, o aluno chega a estudar 13 disciplinas -, ela propõe uma flexibilização. "A grade curricular pode permitir a liberdade de escolha. Na adolescência, muitos sabem do que gostam e do que não gostam. Se a escola for um lugar onde o estudante consegue construir um projeto de vida, vai se sentir motivado a frequentá-la."
Não ver utilidade em boa parte das disciplinas estudadas não é o único motivo que leva os alunos a abandonar os estudos. Eles se queixaram também do clima de insegurança, da zoeira - termo que significa excesso de bagunça e bullying dos colegas - em sala de aula e do absenteísmo dos professores (leia o número abaixo) como fatores determinantes para a evasão escolar. "Quem leciona à noite para jovens da periferia enfrenta uma realidade diferente daquele que trabalha de dia nos grandes centros. Então, me parece importante que os educadores que dão aula em locais mais pobres e sem tanta infraestrutura sejam reconhecidos de outra forma", opina Torres, que propõe políticas de incentivo para valorizar os bons professores.
50,9% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados no Ensino Médio.
Fonte PNAD
24% dos estudantes não se sentem seguros na escola.
Fonte FVC
37,2% dos alunos nunca usaram o computador na escola.
Fonte FVC
334 mil é o número de matrículas no Ensino Médio perdidas entre 2002 e 2012.
Fonte MEC
76,7% dos adolescentes relatam que situações de zoeira são comuns em sala de aula.
Fonte FVC
42% dos jovens não tiveram alguma aula no dia anterior à data da pesquisa.
Fonte FVC
Reportagem disponível em : http://revistaescola.abril.com.br/formacao/pensam-jovens-ensino-medio-pesquisa-estudo-alunos-750343.shtml
Fonte PNAD
24% dos estudantes não se sentem seguros na escola.
Fonte FVC
37,2% dos alunos nunca usaram o computador na escola.
Fonte FVC
334 mil é o número de matrículas no Ensino Médio perdidas entre 2002 e 2012.
Fonte MEC
76,7% dos adolescentes relatam que situações de zoeira são comuns em sala de aula.
Fonte FVC
42% dos jovens não tiveram alguma aula no dia anterior à data da pesquisa.
Fonte FVC
Reportagem disponível em : http://revistaescola.abril.com.br/formacao/pensam-jovens-ensino-medio-pesquisa-estudo-alunos-750343.shtml
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